segunda-feira

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Não adianta. Eu nunca vou aprender a beber café, colocar água na forminha de gelo sem derramar, nem conseguir soltar uma gargalhada um pouco mais baixa. Eu nunca vou deixar de rir da cara daquelas menininhas estúpidas que saem de casa para caçar homens e não veem problema algum em sair dando pra meio mundo afora. Eu nunca vou deixar de sentir tremores em todos os andares do meu corpo ao perceber que estou sendo encarada por qualquer pessoa que seja. Não adianta, não há solução, não vim com devolução de fábrica. Eu sou assim e ponto. Nunca vou me acostumar em acordar cedo, como também nunca vou me acostumar com o fato de ter mais gente passando fome do que mais gente dando valor ao pouco que possui. Nunca vou entender porque algumas pessoas andam com o nariz empinado como se elas fossem as melhores do mundo, mesmo sabendo que não são. Eu nunca vou deixar de odiar o cheiro de cigarro. Nunca vou aprender a chupar laranja sem fazer algum barulho, como também nunca vou aprender a fazer as malas para uma viagem sem colocar todo o meu guarda roupa lá dentro. Eu nunca vou saber, de fato, receber um elogio. Quando eu não rio de nervoso, rio de ironia. E, ah, eu nunca vou conseguir deixar de ironizar tudo. Nem de falar sério, rindo. Nunca. Eu nunca vou me acostumar com a ideia de que, sim, existe quem seja capaz de maltratar um animal. Nunca vou entender qual a tamanha graça em fingir sentimentos, usar pessoas e maltratar corações desamparados. Eu nunca vou ser a favor da aproximação por interesse, como também nunca vou ser contra a sinceridade de cara limpa. Eu nunca vou ser capaz de enxergar um motivo realmente bom para que a espécie humana ainda exista. Nunca, nunquinha. Eu nunca vou entender porque eu continuo escrevendo como se soubesse quem sou, mesmo sem saber.

love again

Recentemente alguém não muito próximo de mim, perguntou-me como estava a minha vida. Não me lembro  da desculpa esfarrapada que dei na altura .A questão é que, nunca fui boa a expor os meus problemas,  a minha dor, a minha felicidade pouco duradoura, as minhas coisas.
Há uma coisa que não conto, mas, não sinto muito. Embora, as pessoas que convivam comigo, notem isso. Não espero nada de ninguém e ninguém cria expectativas em mim, gosto disso. Já me perdi inúmeras vezes na tentativa de me achar em pessoas ocas. Agora, quero poder gostar das pessoas certas. Não imaginar, sofrer por antecipação ou idealizar medos futuros. Silenciei a minha dor e continuo a escrever entre parágrafos alucinados. Não sei como as pessoas demonstram sua frustração. Choram? Quebram objetos em casa? Fazem dramas querendo chamar atenção de amigos? Gritam? Eu apenas escrevo. Escrevo na tentativa de encontrar uma saída. Sim, eu permito-me estar triste e estou triste mais uma vez por saber que o mundo está cheio de pessoas a sentir o mesmo.